segunda-feira, 14 de junho de 2010

Paulo Fontes and Friends - de 18 de Junho a 11 de Julho na Casa da Cultura de Lourosa .

Domingo 20 de Junho , pelas 21:30 na Casa da Cultura de Lourosa , apresentação do livro '' VIAGEM AO TECTO DO MUNDO - O TIBETE DESCONHECIDO '' de Joaquim Magalhães de Castro



'' VIAGEM AO TECTO DO MUNDO - O TIBETE DESCONHECIDO '' de Joaquim Magalhães de Castro , Colecção Volta ao Mundo

Viagem ao Tecto do Mundo – o Tibete Desconhecido relata-nos a viagem inesquecível que Joaquim Magalhães de Castro fez ao coração do Tibete, o Ngari. Com início na capital, Lhasa, esta intrépida aventura durou cerca de mês e meio e atravessou, em direcção a oeste, quase dois mil quilómetros dalgumas das paisagens mais inóspitas, magníficas e sagradas do planeta, de onde podemos destacar a cidade perdida de Tsaparang ou o monte Kailash e o lago Manasorovar, locais de peregrinação budista a nível mundial visitados no início do século XVII pelos jesuítas António de Andrade, Francisco de Azevedo, João Cabral e Estêvão Cacela, entre outros, pioneiros europeus nos Himalaias. De mochila às costas, viajante clandestino em algumas das regiões por onde passou e muitas vezes transportado nas caixas de camiões, o autor conheceu o Tibete mais recôndito e autêntico, o seu povo, a sua cultura, a grandiosidade dos seus palácios, templos e mosteiros, e a sua profunda religiosidade.

INTRODUÇÃO :

País das Neves Eternas, Tecto do Mundo ou Shangri-la, são algumas das expressões mais comuns quando queremos referir-nos ao misterioso e esotérico Tibete. Porém, a verdade é que tais palavras se revelam insuficientes para definir a grandiosidade e amplitude desta extensão de terra nos confins dos Himalaias.

Fonte de fascínio para o mundo exterior, o Tibete esteve “apartado” do Ocidente pelo menos até ao início do século XVII, altura em que jesuítas portugueses instalados em Goa, incitados pelos rumores de que ali existiriam comunidades cristãs, abriram o caminho a uma série de exploradores e aventureiros que apenas quase três séculos mais tarde depois ousariam partir em busca das riquezas materiais e espirituais dessa nação.

Lhasa, a capital, era conhecida como a “Cidade Proibida”, tal era a dificuldade em obter autorização para a visitar, mas, quando em meados dos anos 80 do século passado, as suas portas se abriram ao turismo, o Tibete deixou de ser o reino escondido que alimentava os sonhos dos mais curiosos. Mais de trinta anos de ocupação chinesa daquele planalto estratégico, na sequência da implantação da República Popular da China em 1950, e o exílio de cem mil tibetanos, entre os quais o seu líder espiritual, o Dalai Lama, deixaram marcas indeléveis no legado cultural e histórico. A ocupação levou também, inevitavelmente, a uma chegada em massa de migrantes chineses. Acessível e tolerante, o povo tibetano deixou-se permeabilizar pela influência e cultura chinesas, perdendo muita da sua graça e originalidade. Todavia, alguns observadores comparam o momento actual à renascença tibetana do século XI, quando o budismo voltou a ser instaurado no país depois de dois séculos de perseguições. Lentamente, esta cultura milenar começa a reconstruir o seu mundo.

Um pequeno passeio pela praça de Barkhor ou uma visita a Jorkhang, o mais sagrado dos templos, é suficiente para constatarmos que a tentativa de edificar um “admirável mundo novo” no planalto tibetano esbarrou contra a espantosa fé dos seus habitantes. Com um património de mosteiros notáveis, paisagens de alta montanha estupendas, extensos lagos cristalinos e rotas de peregrinação lendárias, o Tibete continua a ser uma das regiões mais belas do planeta.

E se para o viajante atento, qualquer deslocação ao Tibete será, simultaneamente, uma experiência inesquecível e perturbante, para um português, uma viagem destas pode assumir um carácter muito especial. Digo isto porque, em certa medida, considero que o Tibete foi um dos últimos destinos dos Descobrimentos, apesar de n’ Os Lusíadas, se valorizar uma nação de marinheiros intrinsecamente ligada ao mar e ignorar os que se aventuravam pelo interior dos continentes americano, africano e asiático, como foi o caso dos jesuítas, que desafiaram os Himalaias.

Em 1624, após uma duríssima travessia através dos “desertos de neve” que separam a Índia do Tibete, o padre António de Andrade chegou a Tsaparang, a capital do reino tibetano de Guge. Efectuaria nova viagem, dois anos mais tarde, desta feita acompanhado por Manuel Marques. Andrade foi o primeiro ocidental a visitar o Tecto do Mundo, na altura associado ao mítico reino do Cataio, onde chegou a construir uma igreja e fundou uma missão católica que funcionaria até 1640. O seu primeiro relato, intitulado Novo Descobrimento do Gram Cathayo ou Reinos do Tibet, foi publicado em 1626 e rapidamente traduzido nas principais línguas europeias.

António de Andrade, Francisco de Azevedo, João Cabral e Estêvão Cacela, verdadeiras e únicas autoridades em matéria de tibetologia até à segunda metade do século XVIII, também deixaram registos das suas viagens. Durante mais de um século, entre 1624 e 1746, a Europa nada mais soube sobre o Tibete para além daquilo que os portugueses lhes transmitiram; não obstante, quando hoje se fala do estudo e de conhecimentos pioneiros desta região do planeta, são os nomes de Desideri Ippolito (jesuíta italiano que viveu no Tibete um século depois de António de Andrade), Sven Heiden ou Francis Younghusband (respectivamente, explorador sueco e militar inglês, ambos do início do século XX) os mais referidos, e nunca os dos pioneiros portugueses.

Aos nomes de Andrade, Marques, Azevedo, Cabral e Cacela, podemos juntar muitos outros praticamente desconhecidos: Diogo de Almeida, Gonçalo de Sousa, Francisco Godinho, António Pereira, António da Fonseca, Manuel Dias, Félix da Rocha, entre outros, ficarão para sempre ligados à história do Descobrimento do Tibete pelos europeus. Para estes homens, movidos por uma fé profunda, a empresa tibetana era a resposta a um apelo divino numa região desconhecida que tinha o valor que a Terra Prometida tem para os judeus. Já o profeta Isaías falara da existência de “uma nação que vive numa montanha muito alta de onde correm rios poderosos”, descrição que encaixa na perfeição com o cenário natural do monte Kailash e do lago Manasorovar que, conjuntamente com a cidade de Tsaparang, constitui o cerne geográfico deste livro, inspirado nos passos e relatos destes homens.



«Mar das Especiarias – Viagem de um Português na Indonésia», da Editorial Presença.

Autor: Joaquim Magalhães de Castro

Editorial

«Mar das Especiarias» é um livro fascinante que combina o melhor da narrativa de viagens com uma aventura em busca de uma herança com séculos de existência, embora há muito esquecida. Quase quinhentos anos depois de os primeiros portugueses terem chegado às ilhas Molucas, Joaquim Magalhães de Castro embarca numa viagem de contornos e sabores exóticos com o objectivo de seguir o rasto dos nossos antepassados no arquipélago indonésio. Os resultados da investigação são garantidamente surpreendentes. Contra todas as adversidades e imponderabilidades, a influência portuguesa enraizou-se ao longo de milhares de quilómetros de mar e ilhas e deixou as suas marcas residuais em domínios como a língua, a música o traje, as lendas, ou a religião. A comprová-lo estão os depoimentos, entrevistas e fotografias recolhidos pelo autor e que contribuem testemunhos inequívocos de um reencontro de culturas distantes, mas indubitavelmente partilhadas. «Mar das Especiarias» é assim uma obra que assume verdadeira importância na divulgação do nosso património colectivo e que se lê com imensa curiosidade.


PREFÁCIO

De 1965 a 1970 estive como Encarregado de Negócios na Indonésia. Era então muito jovem e daí a inesgotável vitalidade que me animava e a devastadora curiosidade que me roía. Foi nesse «estado de graça» que mergulhei na Indonésia, estabeleci contactos, fiz amigos, viajei tanto quanto pude até às mais remotas paragens do país. Cedo comecei a deparar-me com palavras de origem portuguesa, algumas de saboroso gosto arcaico, de nomes próprios e apelidos cujo número ia aumentando constantemente. Depois veio a descoberta de música de raiz portuguesa, de canções, de trajes, de ruínas, de canhões, de preciosos objectos de culto religioso, alguns ainda do século XVI, que nós deixámos espalhados por todo aquele imenso arquipélago. Mas ainda mais impressionante terá sido descobrir os imponderáveis. De como estava viva a memória, entre o povo indonésio, mesmo entre os mais simples, de Portugal e dos portugueses. Quando sabiam donde vínhamos, festejavam--nos como se acabassem de encontrar um amigo antigo que não viam há muito tempo e punham-se logo a falar de coisas que recordavam, de acontecimentos remotos, de recordações materiais que por lá haviam ficado. E este fenómeno revelava-se ainda mais extraordinário quando dávamos conta que os contactos estreitos entre portugueses e indonésios se haviam interrompido séculos atrás e que muito os holandeses se haviam esforçado, no passado, por apagar todos os vestígios portugueses quer de carácter material quer de carácter espiritual. Face à descoberta de todas essas coisas, que sabia inteiramente desconhecidas em Portugal e constituíam portanto material «virgem», fui caindo num maravilhamento e comecei a anotar e a fotografar sistematicamente quanto encontrava que tivesse a marca da nossa passagem pela Indonésia.

Falava tantas vezes destas minhas demandas a amigos indonésios que a certa altura me convidaram para fazer uma conferência sobre o tema, o que aceitei. Posteriormente, face ao texto que preparara e às fotografias de que dispunha, veio-me à ideia que poderia tentar a publicação de uma obra que registasse as descobertas que fizera. Falei com editores indonésios que logo se mostraram entusiasmados e conseguiu-se o mecenato da Fundação Calouste Gulbenkian para a publicação da obra e, em 1969, saiu assim a primeira edição da Influência Portuguesa na Indonésia em inglês. Seria mais tarde reeditada pela Fundação Gulbenkian também em inglês, depois, já em 2001, em nova edição indonésia e em língua indonésia e, finalmente, em 2004 em português na editora Prefácio.

Bem consciente de que a voragem do tempo tudo vai diluindo, tentei bem cedo que fosse enviado à Indonésia alguém mais preparado que eu para melhor investigar os vários aspectos da herança portuguesa que eu tinha assinalado. Baldados esforços. Mais tarde, só após encerrado com a Indonésia o conflito em torno de Timor e a partir de 2006, a recém-formada ALIAC (Associação Luso-Indonésia de Amizade e Cooperação) teve oportunidade de enviar àquele país quatro missões de peritos que foram estudar as seguintes áreas: Raízes portuguesas da música das Flores e de Tugu (Professor João Soeiro de Carvalho); Inventariação do património português subsistente em Sica e Larantuca na ilha das Flores (Senhora Dona M.ª Helena Mendes Pinto); Fortalezas e armaria portuguesas nas Molucas (Dr. Manuel Lobato); Comunidade de Tugu, nas imediações de Jacarta (Dr.ª M.ª de Jesus Espada).

Verificou-se, como já seria de esperar, que a erosão do tempo, agravada pela aceleração da História que a globalização acarretou, havia já tido efeito nocivo na herança e na influência cultural portuguesa que eu havia detectado na Indonésia quarenta anos atrás.

Face a este quadro, muito é de louvar a obra de Joaquim Magalhães de Castro, que agora se publica. Impulsionado por uma viva curiosidade, com um notável espírito de aventura, a minha obra acima referida a servir-lhe de guia, meteu-se a caminho através de longínquas regiões da Indonésia, onde ainda se viaja como em tempos remotos, na paixão de reencontrar os vestígios portugueses. Chegou mesmo a locais onde, para minha inveja, nunca consegui ir. O texto é construído de uma forma muito original, um misto de diário e entrevistas, que torna a obra muito viva e atraente. Com que prazer se navega neste mar das especiarias! Mas, acima de tudo, esta obra tem o grande mérito de mais uma vez chamar a atenção dos portugueses para um património precioso que lamentavelmente anda tão esquecido. Portugal ignora e menospreza o prestígio de que ainda goza na Ásia, difícil de explicar para país tão pequeno e séculos decorridos após a nossa presença naquele continente. Para além de nada fazermos para preservar laços milagrosamente prevalecentes, nós vimos perdendo também oportunidades e vantagens em termos económicos.

Lisboa, 16 de Dezembro de 2008

António Pinto da França


Breve Bio-Bibliografia de Joaquim Magalhães de Castro

Natural das Caldas de S. Jorge (Santa Maria da Feira), Joaquim Magalhães de Castro é jornalista independente, fotógrafo e investigador da História da Expansão Portuguesa.

Colabora na imprensa em Macau, onde habitualmente reside, e em Portugal, sendo presença regular nas revistas Tempo Livre, Fugas Notícias Sábado e Volta ao Mundo.

É autor dos livros Mar das Especiarias (2009), «Viagem ao Tecto do Mundo – O Tibete Desconhecido» (2010), ambos publicados pela Editorial Presença, Os Bayingyis do Vale do Mu – Luso Descendentes na Birmânia (2001) e A Maravilha do Outro – No Rasto de Fernão Mendes Pinto (2004) (com o prefácio da Dr. Ana Paula Laborinho, actual Presidente do Instituto Camões), e ainda dos documentários televisivos A Outra Face da Birmânia (2001), Dund - Viagem à Mongólia (2004) e A Tartária de Tomás Pereira (2010).

Em 2009 participou no projecto 7 Maravilhas de Origem Portuguesa no Mundo, visitando todos os locais a concurso com o intuito de fotografar e escrever sobre eles. Como resultado desse trabalho, foram publicados três livros que saíram com o DN e o JN.

Com a chancela da Editorial Presença, será editado em Setembro próximo o relato desta jornada, estando prevista para o ano de 2011 a publicação de outros dois livros de viagem.

E-mail: aolume@yahoo.com

Telefone: 91 89 26 124